"Aristóteles (384 - 322 a.C.) foi discípulo de Platão e, embora adote algumas ideias deste, difere bastante do mestre pelo método e os pontos de vista que aparecem em seu sistema político. Aristóteles é prático, lógico e sistemático. Suas ideias são o resultado de um processo indutivo, partindo do estudo científico e comparativo dos governos que existiam em seu tempo. Sua exposição, baseada na história e na observação, é clara e precisa, com poucas nuances alegóricas e poéticas. Constrói a política como ciência independente, tirando a ética do campo dessa disciplina", expõe Reinaldo Dias (Ciência Política, 2013, grifei)
O modelo de política mais parecido ao nosso atual: "foi criado na Grécia por Aristóteles, ao dar o salto da especulação lógica e metafísica ao campo do empírico". "Devemos a Aristóteles uma descrição e crítica, extensas e exatas, das constituições políticas históricas dos atenienses e dos espartanos, dos cretenses e fenícios. Ao estudar mais de cem constituições históricas, veio a ser o fundador da ciência histórico-descritiva da Política". (Heller por DIAS, 2013)
Aristóteles, em sua obra Política, marca: "o fim último da política é o bem coletivo" (DIAS, 2013, grifei)
"Aristóteles em sua obra não traça o perfil de um governo, que sirva para todas as condições sociais, mas defende a tese de que devem adaptar-se as constituições às necessidades de cada povo. Ao contrário de Platão, que considera a moral como a ciência fundamental e da qual faz parte a política, Aristóteles considera a política como a ciência mais importante, porque dentro do Estado se cumprem os fins mais elevados do homem. Para ele a melhor forma de governo é aquela em que todos os indivíduos atuam na vida política". (DIAS, 2013)
Aristóteles, que confeccionou sua obra Política, após realizar um exame minucioso dos governos mais relevantes de sua época e das obras de pensadores, como Platão, igualmente analisou 158 constituições de cidades-estado gregas. "A Política, mais que um trabalho sistemático de filosofia política, é um tratado sobre a arte do governo. Analisa no livro os males que existiam nas cidades gregas e os defeitos de seus sistemas políticos, sugerindo medidas práticas para contornar problemas futuros". (DIAS, 2013)
Reinaldo Dias (2013) então traz-nos alguns pontos centrais acerca do pensamento aristotélico:
1 - "Aristóteles acreditava que a unidade do Estado poderia ser obtida através de uma organização adequada de diversos tipos individuais, não pela submissão rígida dos indivíduos a um regime disciplinar. Desse modo, Aristóteles não era partidário, como Platão, da abolição da propriedade privada e dos laços familiares, pois isto limitaria a vida humana e impediria a existência de fortes vínculos sociais, embora defendesse a manutenção de um sistema obrigatório no ensino e educação dos indivíduos". (2013, grifei)
2 - "Aristóteles destacou limitações na atividade do Estado, mas sem suspender, em contraposição, a ideia dos direitos individuais, que são intangíveis para o mesmo Estado. Aristóteles, no entanto, se referia ao bem-estar dos cidadãos, considerados como indivíduos, mais do que à concepção abstrata de bem-estar da sociedade. Considerava o Estado como o meio mais idôneo para assegurar o bem-estar supremo dos cidadãos; sustentava que para realizar estes fins, é necessário que se permita aos indivíduos certo grau de liberdade. Pois, como os homens diferem em aptidões e necessidades, o meio mais adequado para o desenvolvimento de suas capacidades consistirá num sistema que permita a cada um certa liberdade no desenvolvimento de sua vida". (2013, grifei)
3 - "Aristóteles definiu o Estado como uma organização coletiva de cidadãos, e definiu este (cidadão), como o indivíduo que tem direito de participar do governo. Acreditava que o traço característico da cidadania consistia na participação dos indivíduos nas assembleias, no exercício ativo dos direitos políticos. A cidadania determina a capacidade de governar e ser governado". (2013, grifei)
Cláudio de Cicco & Alvaro de Azevedo Gonzaga, por sua vez, lembram: "O grande tratadista, filósofo, astrônomo e matemático Aristóteles de Estagira dedicou sua vida a diversas obras. No campo político, sua grande e célebre obra foi A Política". (in: Teoria Geral do Estado e Ciência Política, 2015)
Os autores esclarecem que, de modo diverso a Platão, Aristóteles demonstrou uma visão realista do Estado, um olhar que procurasse abordar os sistemas políticos de então. (CICCO & GONZAGA, 2015)
Cicco & Gonzaga explicam que a obra máxima de Aristóteles (A Política) se divide em 08 livros, "que tratam da composição da cidade, da escravidão, da família, das riquezas, bem como de uma crítica às teorias de Platão. Analisa também as constituições de outras cidades, num exercício comparativo, descrevendo-lhes os regimes políticos".
Os autores, então, trazem à tona dois pontos fundamentais do pensamento aristotélico:
1 - Com relação às formas de governo, Aristóteles classifica-as em 03 (três), a saber: monarquia, aristocracia e democracia. Para o filósofo, todas devem buscar o bem comum social. Caso não se conduza nesse sentido, tais formas se desvirtuariam em: tirania, oligarquia e demagogia, respectivamente. Aristóteles de fato não buscou sugerir um modelo de cidade ideal. Pelo contrário, considerava a monarquia como melhor forma de governo e a tirania a pior. Daí sua defesa "pela necessidade da autoridade na pessoa de um rei"; (CICCO & GONZAGA, 2015)
2 - No que se refere à sociabilidade do homem, Aristóteles prega sua "sociabilidade natural". Afirma assim que o homem "é um animal social". (CICCO & GONZAGA, 2015)
Vimos anteriormente que Aristóteles busca o bem comum social, como defendido pelos autores por nós citados. Nesse sentido, cabe expor trecho significativo de sua obra A Política nesse rumo:
"A OBSERVAÇÃO NOS mostra que cada Estado é uma comunidade estabelecida com alguma boa finalidade, uma vez que todos sempre agem de modo a obter o que acham bom. Mas, se todas as comunidades almejam o bem, o Estado ou comunidade política, que é a forma mais elevada de comunidade e engloba tudo o mais, objetiva o bem nas maiores proporções e excelência possíveis". (in: OS PENSADORES, Aristóteles, grifei)
Finalmente, cabe apenas registrar que Aristóteles foi um homem de seu tempo, cujas reflexões se mantêm vivas até os dias correntes. Com certeza, seus pensamentos influenciaram outros de outros tempos e continuam influenciando, até hoje, o modo de pensar ocidental contemporâneo.
Referências
CICCO, Cláudio de; GONZAGA, Alvaro de Azevedo. Teoria Geral do Estado e Ciência Política. 6a. edição. São Paulo: RT, 2015.
DIAS, Reinaldo. Ciência Política. 2a. edição. São Paulo: Atlas, 2013.
OS PENSADORES. Aristóteles.
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