O que é Ciência Política?
Estimada leitora, caro leitor! Tudo bem? No dia-a-dia, nos envolvemos em relações sociais, bem como políticas e econômicas. Quanto às políticas, podemos lembrar não apenas do momento em que votamos nas eleições. Mas também das reuniões de condomínio, de um bebê que chora para mãe a fim de tomar leite, de um filho que reivindica uma viagem com os amigos aos pais, enfim, em situações cotidianas mais simples, está presente a política. Porém, não terminam aí! Por óbvio, há de fato a Política dos partidos políticos (representantes do povo). Nesta esfera, o jogo político, isto é, as relações entre atores políticos pode ser estudada sob a visão da Ciência Política. Nesse sentido, pode-se já estar se perguntando: Afinal... O que é Ciência Política?
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| Foto: Pixabay |
Pois bem...
"A ciência política é uma ciência social que estuda o exercício, a distribuição e a organização do poder na sociedade. Como ciência social, procura estudar os fatos políticos, que envolvem tantos acontecimentos e processos políticos, como o comportamento político que se expressa concretamente na interação social". (DIAS, 2013, grifo nosso)
Ou ainda, conforme Bobbio; Matteucci e Pasquino (1997, Vol. 1): "[...] - A expressão Ciência Política pode ser usada em sentido amplo e não técnico para indicar qualquer estudo dos fenômenos e das estruturas políticas, conduzindo sistematicamente e com rigor, apoiado num amplo e cuidadoso exame dos fatos expostos com argumentos racionais [...] Assim, 'ocupar-se cientificamente de política' significa não se abandonar a opiniões e crenças do vulgo, não formular juízos com base em dados imprecisos, mas apoiar-se nas provas dos fatos. [...] Em sentido mais limitado e mais técnico, abrangendo uma área muito bem delimitada de estudos especializados e em parte institucionalizados, com cultores ligados entre si que se identificam como 'cientistas políticos', a expressão Ciência política indica uma orientação de estudos que se propõe aplicar à análise do fenômeno político, nos limites do possível, isto é, na medida em que a matéria o permite, mas sempre com maior rigor, a metodologia das ciências empíricas [...] Em resumo, Ciência política, em sentido estrito e técnico corresponde à 'ciência empírica da política', tratada com base na metodologia das ciências empíricas mais desenvolvidas, como a física, a biologia, etc. Quando hoje se fala do desenvolvimento da Ciência política nos referimos às tentativas que vêm sendo feitas com maior ou menor sucesso, mas tendo em vista uma gradual acumulação de resultados e a promoção do estudo da política como ciência empírica rigorosamente compreendida." (grifo nosso)
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| Por Instituto Norberto Bobbio |
Visto isso, é possível se perguntar...
Qual o significado da Política?
"A definição clássica de política foi legada pelos antigos gregos através da obra de Aristóteles Política. O conceito de política é derivado do adjetivo originado de polis (politikós), que significa tudo que se refere à cidade e, consequentemente, o que é urbano, civil, público e até mesmo sociável e social. Ou, dito de outro modo, o conceito de política 'é habitualmente empregado para indicar a atividade ou conjunto de atividades que têm de algum modo, como termo de referência, a polis, isto é, o Estado". (Norberto Bobbio por Dias, 2013)
Segundo o autor (DIAS, 2013) a definição de política enquanto práxis humana se relaciona com a ideia de poder. Ou seja, "quem faz política busca ou exerce o poder". Neste prisma, o homem atuando com poder sobre outro homem, ou ainda, sobre certo grupo social. Qual objetivo?, "de obter alguma vantagem pessoal ou coletiva".
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Na mesma direção, "[a] política pode, também, ser definida 'como a atividade através da qual são conciliados os diferentes interesses, dentro de uma determinada unidade de governo, dando a cada um deles uma participação no poder, proporcional à sua importância para o bem-estar e a sobrevivência de toda a comunidade'. Nesse sentido, pode-se afirmar que a política 'é uma forma de governar nas sociedades divididas, sem o uso indevido da violência'. Existem 'algumas sociedades com vários interesses diferentes e pontos de vista divergentes', e eticamente 'a conciliação é preferível à coerção'. Nessa concepção, o governo pacífico é melhor que 'o domínio violento, e que a ética política não é um tipo inferior de atividade ética, senão um nível de vida ética completamente autocontida e plenamente justificável. A política não é justamente um mal necessário, senão um bem realístico". (DIAS, 2013)
Finalmente, para o autor (DIAS, 2013): "A política, assim, inclui diferentes significados, mas todos de algum modo relacionados com posse, manutenção ou distribuição do poder".
A política, assim como a ética, nasceram nas cidades gregas (séculos 6 e 4 a.c.). A origem das palavras se remetem a ética (do grego "ethos" ou "costumes") e política (do grego "polis" ou "cidade"). (RAMOS; MELO; FRATESCHI, 2018)
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| Ágora. Foto: Pixabat |
Neste cenário, a escravidão era corriqueira e realmente antiga. Porém, se repartia em modos diversos de servidão, com vários níveis de servidão e liberdade. Os homens livres eram considerados iguais em detrimento dos escravos. Os homens livres participavam da política, através de sorteios, com o fim de dirigir a cidade, bem como por suas deliberações na Ágora (praça pública). Isto evidenciava a importância da argumentação na esfera da política. Na sociedade grega, havia assim os homens livres que participavam da vida política; os guerreiros que defendiam a cidade; e as mulheres e os escravos, que não participavam da política nem das decisões do governo. (RAMOS; MELO; FRATESCHI, 2018, ligeiramente adaptado)
Nesse sentido, pode-se afirmar que o caso do regime democrático de Atenas seja exemplar. Isto porque pelo fato do exercício da justiça até o ponto de táticas de batalha na guerra, tudo deliberado pela assembleia de cidadãos, pouco se importando que os espiões inimigos assistissem as decisões. Finalmente, é possível dizer que os governantes de Atenas foram, acima de tudo, grandes oradores (RAMOS; MELO; FRATESCHI, 2018)
"Desde a Antiguidade, o conceito de sociedade já é tratado. O grande tratadista Aristóteles assinalava em sua Política que o homem é o politikonzoon (animal social), ou seja, não é possível conceber a existência do homem sem viver em contato com outros homens. Afirma Aristóteles que se o ente humano vivesse isolado seria um Deus ou um bruto, algo mais ou algo menos do que um homem. Deste modo, a doutrina aristotélica assinala o caráter social do homem", (CICCO; GONZAGA, 2015)
Em paralelo, "Platão, no Livro V da sua obra A República, estrutura a organização social de forma que todos teriam seus papéis definidos, não havendo individualidade ou ambição individualista. Afirma que o Homem aceitaria sua condição social e não raciocinaria individualmente, pensaria apenas em fortalecer a sociedade a fim de esta fosse justa". (CICCO; GONZAGA, 2015)
Nos próximos posts, analisaremos nas raízes os pensadores gregos... Aguarde!
Referências
BOBBIO, Norberto; MATTEUCCI, Nicola; PASQUINO, Gianfranco. Dicionário de Política. 10a. edição. Brasília: Ed UnB, 1997. Vol. 1.
CICCO, Cláudio de.; GONZAGA, Alvaro de Azevedo. Teoria Geral do Estado e Ciência Política. 6a. edição. São Paulo: RT, 2015.
DIAS, Reinaldo. Ciência Política. 2a. edição. São Paulo: Atlas, 2013.
RAMOS; MELO; FRATESCHI. Manual de Filosofia Política. 3a. edição. São Paulo: Saraiva, 2018.
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